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Petrobras empurra para depois de 2030 o maior projeto de gás de Sergipe e trava avanço regional

Plano de Negócios 2026-2030 será apresentado nesta sexta (28) e traz postergações que afetam diretamente a produção de gás em Sergipe e a retomada de áreas maduras no país.

A Petrobras apresentará, nesta sexta-feira (28), o Plano de Negócios 2026-2030 com uma revisão significativa nos investimentos, após a forte queda no preço internacional do petróleo. A mudança posterga projetos considerados essenciais, como a revitalização da Bacia de Campos e o desenvolvimento do polo Sergipe Águas Profundas (Seap), ambos agora previstos apenas para depois de 2030.


Queda do barril pressiona decisões da estatal

Com o barril tipo Brent encerrando a última semana cotado a US$ 62,56 — valor muito abaixo dos mais de US$ 80 registrados no mesmo período do ano passado — a estatal foi obrigada a recalibrar suas metas. A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, já havia antecipado, em agosto, que os investimentos seriam ajustados ao novo cenário de preços, e confirmou o adiamento de projetos estratégicos na semana passada.

Segundo Chambriard, a conjuntura atual impõe “prudência e reavaliação de prioridades”, sobretudo nos empreendimentos que envolvem grandes plataformas e contratos de longo prazo.


Sergipe Águas Profundas: impacto direto para o Nordeste

Considerado o principal projeto para expandir a produção nacional de gás, o Seap é particularmente relevante para o Nordeste — e ainda mais para Sergipe, que vê no polo uma oportunidade histórica de geração de empregos, expansão logística e fortalecimento da indústria local.

Mas o empreendimento, já marcado por sucessivos atrasos, enfrenta novas indefinições. A Petrobras segue negociando a contratação das duas plataformas previstas para operar na região, mas a revisão do plano empurra o início efetivo da produção para a próxima década. A medida frustra expectativas do setor produtivo sergipano, que há anos aguarda a consolidação do projeto como âncora para a interiorização do desenvolvimento.


Incertezas também na Bacia de Campos e no ambiente regulatório

A estatal enfrenta obstáculos semelhantes na Bacia de Campos, um dos polos maduros mais importantes do país. Além da dificuldade para contratar novas unidades, a empresa avalia que medidas em discussão no Congresso — como mudanças no cálculo dos royalties previstas na MP 1304/2025 — podem reduzir a viabilidade econômica dos projetos.


Margem Equatorial e biocombustíveis: apostas que avançam lentamente

Na área exploratória, o plano marca o início da perfuração na Margem Equatorial, apontada como a nova fronteira petrolífera do Brasil. O primeiro poço começou a ser perfurado em outubro, na Bacia da Foz do Amazonas, mas os trabalhos iniciais não devem gerar grandes atualizações no plano devido ao prazo operacional de cinco meses.

Outro destaque é o investimento em biocombustíveis, que ainda não saiu do papel. A promessa de US$ 2,2 bilhões para ampliar a produção de etanol até 2029 segue em avaliação, assim como projetos associados ao biometano, em sintonia com a Lei do Combustível do Futuro.


Fertilizantes e termelétricas ganham espaço no planejamento

Enquanto parte dos investimentos é adiada, a Petrobras avança na retomada do setor de fertilizantes. Em Sergipe, a fábrica de Laranjeiras deve voltar a operar em 2025, reforçando o papel da região no abastecimento agrícola nacional. A estatal também aposta na participação em novos leilões de reserva de capacidade para recontratar termoelétricas e desenvolver projetos adicionais, previstos para março de 2026.



Com ajustes impostos pelo novo cenário internacional, o Plano de Negócios 2026-2030 deve apresentar uma Petrobras mais cautelosa, redistribuindo prioridades e alongando cronogramas. Para o Nordeste — especialmente Sergipe — o adiamento do Seap representa perda de ritmo no maior projeto de gás da região, enquanto outras iniciativas, como fertilizantes e termelétricas, podem ganhar protagonismo no curto prazo.

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