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Fotos: MariléiaVerona/TerritórioNordeste

Sem pauta única, moradores ocupam prédio da Prefeitura de Aracaju e cobram soluções para saúde, moradia e transporte

O grupo apresentou reivindicações diversas no Centro Administrativo. Gestão afirma que está aberta à negociação e aguarda a formação de comissão para avaliar as demandas apresentadas.

Moradores dos bairros Lamarão, Japãozinho, Santa Maria e outras comunidades ocuparam na manhã da última terça-feira  (11) o auditório do Centro Administrativo Prefeito Aloísio Campos, sede da Prefeitura de Aracaju. O grupo, que reúne mães atípicas, representantes de conjuntos habitacionais e lideranças de movimentos populares, cobra soluções em áreas como saúde, moradia, transporte e assistência social.

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O protesto começou com a pauta da criação de um hospital neurodivergente, mas logo se ampliou para outras reivindicações. Sem uma pauta única, os manifestantes expressaram preocupações variadas — desde problemas estruturais em conjuntos residenciais até a falta de atendimento especializado para crianças com autismo.

A moradora Daniele, do Residencial Carlos Pinna, afirmou que convive com infiltrações e mofo no banheiro desde o meio do ano. “Tenho duas filhas autistas e não posso fazer reformas por conta própria. Já liguei várias vezes para a prefeitura, mas até agora ninguém apareceu. Meu medo é o gesso cair e machucar uma delas”, relatou.

Outra participante, Viviane, destacou a necessidade de políticas públicas voltadas às mães de crianças com TEA. “Queremos poder usar o cartão de transporte mesmo quando estamos resolvendo algo para nossos filhos. Também pedimos um hospital neurodivergente, porque faltam vagas e estrutura para o tratamento em Aracaju”, disse.

Já o morador Carlos André, do Japãozinho, cobrou melhorias no auxílio-moradia. “Ninguém consegue alugar uma casa por R$400. Pedimos uma atualização do valor e mais transparência sobre os critérios de pagamento. Não estamos aqui para tumultuar, mas para sermos ouvidos”, afirmou.

Diálogo e acolhimento

O porta-voz da Prefeitura, André Brito, ressaltou que a prefeita Emília Corrêa (PL) determinou que o grupo fosse acolhido no auditório, garantindo um ambiente seguro e digno para o diálogo. “A prefeita fez questão de abrir as portas da Prefeitura e acolher todos no auditório. Ela compreende o direito legítimo de manifestação e acredita no diálogo como o melhor caminho para construir soluções. Desde o início, ela se colocou à disposição para conversar”, afirmou Brito.

Segundo ele, a gestão está aguardando a formação de uma comissão representativa para que a prefeita possa receber os moradores e ouvir cada demanda com atenção. “A prefeita quer tratar o assunto com seriedade. Mas para isso, é necessário que o grupo se organize, apresente uma pauta estruturada e defina quem representará a comunidade. Não é possível dialogar com dezenas de pessoas falando ao mesmo tempo, sem uma proposta unificada”, explicou.

André Brito porta-voz do município

Brito destacou ainda que várias reivindicações mencionadas durante a ocupação já estão sendo encaminhadas por diferentes secretarias municipais. Ele citou como exemplo a construção de uma nova Unidade Básica de Saúde na região, o reforço do transporte escolar e o acompanhamento técnico de famílias do programa habitacional.

“A gestão da prefeita Emília é baseada no respeito e na escuta. A Prefeitura não se nega a receber ninguém, mas precisa de clareza para transformar as demandas em ações. Várias pautas são legítimas, outras precisam ser analisadas com critérios técnicos e legais. A prefeita está pronta para ouvir e encontrar caminhos possíveis”, completou.

Limites orçamentários e herança da gestão anterior

A Prefeitura também esclareceu que algumas reivindicações envolvem recursos orçamentários já comprometidos, pois o orçamento de 2025 foi formulado pela gestão anterior. Isso significa que muitas despesas já estão previamente destinadas, limitando a capacidade de novas contratações e obras de grande porte neste início de gestão.

Mesmo diante desse cenário, a administração assegura que está revisando os contratos e priorizando políticas públicas voltadas à população mais vulnerável. “A prefeita Emília Corrêa assumiu a gestão com responsabilidade e transparência. O desafio é grande, mas a vontade de acertar é maior. O diálogo com a população é permanente e faz parte do jeito de governar da prefeita”, reforçou André Brito.

Enquanto o grupo aguarda o agendamento oficial da reunião com a gestora, o clima no Centro Administrativo segue tranquilo. De um lado, os manifestantes cobram respostas imediatas; de outro, a Prefeitura reafirma o compromisso com o diálogo, o respeito e a busca de soluções dentro dos limites legais e financeiros do município.

Até a publicação desta matéria, às 17h37, os manifestantes haviam sinalizado que desmobilizariam a ocupação ainda na tarde desta quarta-feira (12).

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